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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

"Quero ser governador para tirar o Rio Grande do Sul deste atoleiro em que o meteram", diz Vieira da Cunha

Vieira da Cunha, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), não esconde o quanto Leonel Brizola, eterna liderança de sua sigla, o inspira. É a partir desta referência humana que o deputado federal define a Educação como "prioridade das prioridades", reativando os CIEPs e colocando em prática a escola de turno integral, caso seja eleito, é claro. É ele que, hoje, encerra a série de entrevistas do blog Gazeta Gringa com os cinco principais candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, iniciada na última segunda-feira (15). 

Porto-alegrense e pai de quatro filhos, Vieira tem 54 anos e é formado em Ciências Jurídicas e Sociais. Em 1981, escolheu o PDT para se filiar por seu trabalho na Educação. Em 1985, foi eleito e, três anos depois, reeleito vereador em Porto Alegre. 

Em 1994, tornou-se deputado estadual, cargo que ocupou até 2006, quando foi eleito deputado federal. Em 2010, se reelegeu para mais um mandato em Brasília, cargo que ocupa até hoje. 

Procurador de Justiça, o pedetista também dirigiu o DMLU e presidiu a CEEE. 

:: CARLOS EDUARDO VIEIRA DA CUNHA
Coligação: O Rio Grande Merece Mais (PDT/PSC/DEM/PEN)
Nascimento: 31/03/1960
Número: 12
Vice: Flávio Gomes (PSC)

Gazeta Gringa: Por que o senhor se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul? 
Vieira da Cunha: Primeiro, permita que eu me apresente. Sou Carlos Eduardo Vieira da Cunha, tenho 54 anos, e sou membro do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, aprovado em concurso público. Há 31 anos sou casado com a Luciane, que é assistente social, e sou pai de quatro filhos: o Carlos, o Eduardo, a Marina e a Alice.

Eu me candidatei a governador para que todos, como eu, possam ver seus filhos recebendo educação de qualidade e igualdade de oportunidades. Sonho com uma sociedade mais justa e mais fraterna. Adquiri experiência e quero usa-lá para melhorar o nosso Rio Grande.

Desde 1981 sou filiado ao PDT, por seu compromisso com a Educação e pela identificação com as ideias de Leonel Brizola, a quem tenho como uma inspiração permanente.

Em 1986, com 25 anos de idade, assumi a direção geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre e, com muita dedicação, fiz da capital gaúcha a mais limpa do país. 

No inicio da década de 90, fui presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), onde trabalhei para sanear as finanças da estatal, sendo responsável por cobrar judicialmente uma dívida do governo federal, que recentemente devolveu aos cofres da empresa mais de R$ 3 bilhões.

Fui também vereador em Porto Alegre e, em 1994, me elegi deputado estadual para a primeira da série de três mandatos. Fui líder do PDT na Assembleia Legislativa, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, indignado com a corrupção, fui relator da CPI da Segurança Pública, que revelou um esquema ilícito de arrecadação de recursos para financiamento da campanha eleitoral e a aquisição da sede estadual do PT, em 2001.

Em 2006, me elegi deputado federal e, quatro anos depois, fui reeleito. Na Câmara, fui líder da bancada do PDT e presidi as comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional e Seguridade Social e Família. Com orgulho, sou autor de leis importantes, como a que combate o crime organizado, e conduzi minha bancada em decisões cruciais para o futuro do Brasil, como a aprovação do Plano Nacional de Educação.

Desde 2008, sou considerado um dos mais influentes parlamentares do Congresso Nacional, em uma lista elaborada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que neste ano me reconheceu como um 10 deputados federais "operadores-chave do processo legislativo".

Agora, quero ser governador para tirar o Rio Grande do Sul deste atoleiro em que o meteram. Somos o Estado mais endividado da nação, mas o nosso Rio Grande é maior que todas as dificuldades. Com a minha experiência e dedicação, vamos recolocar o Estado no rumo do crescimento e desenvolvimento. Nosso povo é trabalhador, é aguerrido. Nosso povo quer e merece mais!

Gazeta Gringa: O seu plano de governo é baseado principalmente em ações para a área da Educação. Explique quais serão suas propostas para a mesma. 
Vieira: Sou do partido de Leonel Brizola, o governador que construiu mais de 6 mil escolas no Rio Grande do Sul. Tenho o compromisso de, em meu governo, tratar a Educação como a prioridade das prioridades.

Primeiramente, o professor tem que ser valorizado e bem remunerado. Nós retiraremos a ação judicial do Estado contra a Lei do Piso Nacional do Magistério e vamos fazer o possível e o impossível para pagar o Piso. Inclusive tramita na Câmara projeto de lei de minha autoria que prevê a alteração do artigo 4° da Lei 11.738, para que os Estados e municípios em dificuldades orçamentárias recebam os repasses financeiras da União necessários ao cumprimento da lei.

Também vamos integrar os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), fazendo do ensino de turno integral o pilar de desenvolvimento social do Estado. Investiremos em instalações adequadas, com boa infraestrutura física, material e equipamentos.

Recentemente foram divulgados os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade da Educação. Aqui no Rio Grande do Sul, só nas séries iniciais do Ensino Fundamental atingimos a meta. O atual governador está festejando os resultados do Ensino Médio, mas não há o que comemorar. A meta era 4,0 e atingimos apenas 3,7. Estamos em segundo lugar, ao lado de São Paulo no ranking, é verdade, mas é porque os outros Estados conseguiram estar ainda pior. 

Em meu governo, a Educação voltará ao primeiro lugar do ranking da qualidade do Brasil com toda a certeza!

Gazeta Gringa: A relação de amizade que o senhor teve com Leonel Brizola, além da inspiração que ele é para você, são públicas. Os governos deste líder, tanto no Rio de Janeiro quanto no Rio Grande do Sul, são bastante elogiados até hoje. Caso seja eleito e, se espelhando nesta liderança, quais serão as ações que o senhor pretende colocar em prática?
Vieira: O principal compromisso de Brizola sempre foi a oferta de Educação pública de qualidade, em turno integral, para todas as crianças. Também é que ele sempre me dizia: "Vieira, eu vou me inscrever no Guinness Book como o governador que mais construiu escolas no mundo. Duvido que alguém tenha construído mais escolas do que eu".

Está será a nossa principal ação. Resgataremos os CIEPs com infraestrutura capaz de dar atendimento à criança e ao jovem em todas as suas necessidades básicas e, ainda, de estender benefícios à comunidade.

Nós acreditamos que o CIEP é o caminho para dar condições aos alunos da rede pública de competir, em situação de igualdade, com aqueles que têm acesso ao ensino privado. O processo de ensino e aprendizagem no CIEP efetiva a alfabetização na 1ª série do Ensino Fundamental e reduz a evasão escolar e a reprovação. 

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Gazeta Gringa: Você não tem poupado críticas à gestão de Tarso. Mas vale ressaltar que o PDT foi da base aliada petista por muitos anos, saindo dessa condição, inclusive, apenas em dezembro do ano passado. Por que uma candidatura própria em 2014? Se Tarso for reeleito, é possível que o seu partido volte a protagonizar uma aliança política com o PT?
Vieira: Pessoalmente, votei contra a participação no Governo Tarso, porque tínhamos sido vice, com o Pompeo de Mattos, da candidatura de José Fogaça (PMDB). Não fizemos parte da coligação que ganhou a eleição e a minha posição era de que mantivéssemos independência em relação ao Governo Tarso. Infelizmente, fui voto vencido.

Entendemos que os secretários do PDT deram a sua contribuição ao governo, da melhor maneira possível, mas o partido decidiu democraticamente, em convenção, pela candidatura própria, para retornar ao protagonismo no cenário político estadual.

Confiamos na competitividade das nossas candidaturas; na minha para governador, e na do Lasier para o Senado. Tenho a convicção de que estarei no segundo turno.

"Quero ser governador para tirar o Rio Grande do Sul deste atoleiro em que o meteram"

Gazeta Gringa: Quais serão suas ações para sanar a dívida pública da melhor maneira possível, se eleito? O senhor credita esse como o pior "pecado" do Governo Tarso?
Vieira: A dívida era de R$ 7,4 bilhões em 1998. De lá para cá, já pagamos R$ 17 bilhões e ainda devemos quase R$ 50 bilhões. Um absurdo! A distorção é fruto da incidência de juros de 6% ao ano e de correção monetária calculada conforme a variação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que é muito superior à inflação oficial do período. 

Por isso, é fundamental a aprovação do projeto que renegocia a dívida do Estado. Nós já votamos a matéria na Câmara mas, por pressão da equipe econômica do governo federal, ele está parado no Senado.

Temos que estancar essa sangria! Além de aprovar o projeto que está no Senado, não podemos continuar pagando 13% da nossa receita corrente líquida para saldar essa dívida, ainda mais se levarmos em conta que esse altíssimo índice nos foi imposto pelo Governo FHC como "castigo" por termos mantido público o nosso Banrisul.

Se a União continuar insensível aos nossos argumentos, não nos resta outro caminho: vamos bater a porta do Judiciário. Fiz isso na época em que fui presidente da CEEE, em 1993. Cobrei judicialmente uma dívida que o governo federal tinha com a companhia. A sentença favorável foi cumprida no ano passado. Fruto dessa ação, os cofres da CEEE receberam R$ 3 bilhões. A Justiça tardou, mas não falhou.

É disso que o Estado precisa: atitude e firmeza do seu governante para fazer valer os nossos direitos. Chega de exploração! Nós, gaúchos, mandamos para Brasília R$ 54 bilhões em impostos por ano, e para cá retornam apenas R$ 12 bilhões. É hora do Rio Grande do Sul se impor! Por muito menos, ficamos 10 anos peleando na Revolução Farroupilha.

Gazeta Gringa: Você, assim como os demais concorrentes ao governo, criticam os cargos de confiança, que são mais de 6 mil atualmente. Para o senhor, é possível corta-los totalmente ou pelo menos diminui-los?
Vieira: O nosso Programa de Governo prestigia a profissionalização da gestão pública, o que supõe a despartidarização das esferas técnicas de tomada de decisão, associada à redução do número de servidores nomeados em comissão por indicações políticas, ao redimensionamento das carreiras públicas e a programas de qualificação profissional dos servidores públicos de carreira.

Em meu governo, os cargos em comissão serão reduzidos em 20%. Em alguns casos, a extinção do cargo em comissão poderá não resultar em extinção das respectivas funções que, se indispensáveis, passarão a ser exercidas pelo funcionário efetivo.

Gazeta Gringa: No primeiro debate com os candidatos ao Piratini, o senhor disse se envergonhar da situação a qual se encontra o Presídio Central de Porto Alegre. De que forma você pretende reverter esse quadro? É possível esvazia-lo até o fim de um possível primeiro mandato?
Vieira: Fui Promotor de Justiça de Execuções Criminais. Fazia a inspeção em presídios. O Presídio Central precisa de ampla reforma, mas não podemos abrir mão de um estabelecimento prisional na capital. Novos estabelecimentos devem ser construídos no Estado para reduzir o déficit de vagas e cumprir a Lei de Execuções Penais. É importante que o preso cumpra a pena próximo de sua família.

"Tenho a convicção de que estarei no segundo turno"


Gazeta Gringa: Entre as suas promessas para a área da segurança está a criação de um banco de dados unificado entre a Brigada Militar e a Polícia Civil. Como seria este banco?

Vieira: Seria um banco de dados de abrangência estadual, com registro único de ocorrências, para que a Polícia possa executar ações coordenadas de investigação e de combate ao crime. É uma ferramenta importante para viabilizar o trabalho integrado das forças de segurança. Uma tecnologia assim tornará mais ágil e eficaz o trabalho da Polícia, resultando em uma melhoria no atendimento e na resposta ao cidadão. Precisamos investir em tecnologia e colocar os modernos recursos disponíveis a serviço do combate ao crime.


Gazeta Gringa: Atualmente o Rio Grande do Sul tem a menor taxa de desemprego em mais de duas décadas, porém, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em julho, o Estado perdeu 6.390 empregos diretos. O que fazer, candidato?
Vieira: Em primeiro lugar, nós implantaremos uma série de medidas para valorizar o empreendimento local e evitar o fechamento ou a migração de empresas gaúchas para outros Estados.

Também vamos atrair novos investimentos, garantindo segurança jurídica ao empreendedor que quiser se instalar no Rio Grande do Sul, com uma política de Estado de atração de novas empresas com regras claras e permanentes. 

Gazeta Gringa: Por que o senhor merece o voto dos gaúchos? Deixe suas considerações finais aos leitores do blog.
Vieira: Tenho uma vida pública limpa. Sempre trabalhei tendo como princípios a ética e a verdade.

Adquiri a experiência e quero utilizá-la para liderar um processo de retomada do crescimento do nosso Ri Grande. Temos que voltar a crescer de verdade.


Os desafios são enormes, mas não são maiores que a nossa vontade de enfrenta-los e vencê-los.


Sinto-me preparado para a honrosa missão de ser o novo governador do Estado do Rio Grande do Sul. 


O Rio Grande merece e pode mais!



Agradecimento: Roberto Witter - Assessoria de Imprensa do candidato
Fotos: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)/Divulgação e O Rio Grande Merece Mais/Divulgação

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