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sexta-feira, 19 de setembro de 2014

"Quero ser governador para tirar o Rio Grande do Sul deste atoleiro em que o meteram", diz Vieira da Cunha

Vieira da Cunha, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), não esconde o quanto Leonel Brizola, eterna liderança de sua sigla, o inspira. É a partir desta referência humana que o deputado federal define a Educação como "prioridade das prioridades", reativando os CIEPs e colocando em prática a escola de turno integral, caso seja eleito, é claro. É ele que, hoje, encerra a série de entrevistas do blog Gazeta Gringa com os cinco principais candidatos ao governo do Rio Grande do Sul, iniciada na última segunda-feira (15). 

Porto-alegrense e pai de quatro filhos, Vieira tem 54 anos e é formado em Ciências Jurídicas e Sociais. Em 1981, escolheu o PDT para se filiar por seu trabalho na Educação. Em 1985, foi eleito e, três anos depois, reeleito vereador em Porto Alegre. 

Em 1994, tornou-se deputado estadual, cargo que ocupou até 2006, quando foi eleito deputado federal. Em 2010, se reelegeu para mais um mandato em Brasília, cargo que ocupa até hoje. 

Procurador de Justiça, o pedetista também dirigiu o DMLU e presidiu a CEEE. 

:: CARLOS EDUARDO VIEIRA DA CUNHA
Coligação: O Rio Grande Merece Mais (PDT/PSC/DEM/PEN)
Nascimento: 31/03/1960
Número: 12
Vice: Flávio Gomes (PSC)

Gazeta Gringa: Por que o senhor se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul? 
Vieira da Cunha: Primeiro, permita que eu me apresente. Sou Carlos Eduardo Vieira da Cunha, tenho 54 anos, e sou membro do Ministério Público do Estado do Rio Grande do Sul, aprovado em concurso público. Há 31 anos sou casado com a Luciane, que é assistente social, e sou pai de quatro filhos: o Carlos, o Eduardo, a Marina e a Alice.

Eu me candidatei a governador para que todos, como eu, possam ver seus filhos recebendo educação de qualidade e igualdade de oportunidades. Sonho com uma sociedade mais justa e mais fraterna. Adquiri experiência e quero usa-lá para melhorar o nosso Rio Grande.

Desde 1981 sou filiado ao PDT, por seu compromisso com a Educação e pela identificação com as ideias de Leonel Brizola, a quem tenho como uma inspiração permanente.

Em 1986, com 25 anos de idade, assumi a direção geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) de Porto Alegre e, com muita dedicação, fiz da capital gaúcha a mais limpa do país. 

No inicio da década de 90, fui presidente da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), onde trabalhei para sanear as finanças da estatal, sendo responsável por cobrar judicialmente uma dívida do governo federal, que recentemente devolveu aos cofres da empresa mais de R$ 3 bilhões.

Fui também vereador em Porto Alegre e, em 1994, me elegi deputado estadual para a primeira da série de três mandatos. Fui líder do PDT na Assembleia Legislativa, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, indignado com a corrupção, fui relator da CPI da Segurança Pública, que revelou um esquema ilícito de arrecadação de recursos para financiamento da campanha eleitoral e a aquisição da sede estadual do PT, em 2001.

Em 2006, me elegi deputado federal e, quatro anos depois, fui reeleito. Na Câmara, fui líder da bancada do PDT e presidi as comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional e Seguridade Social e Família. Com orgulho, sou autor de leis importantes, como a que combate o crime organizado, e conduzi minha bancada em decisões cruciais para o futuro do Brasil, como a aprovação do Plano Nacional de Educação.

Desde 2008, sou considerado um dos mais influentes parlamentares do Congresso Nacional, em uma lista elaborada pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP), que neste ano me reconheceu como um 10 deputados federais "operadores-chave do processo legislativo".

Agora, quero ser governador para tirar o Rio Grande do Sul deste atoleiro em que o meteram. Somos o Estado mais endividado da nação, mas o nosso Rio Grande é maior que todas as dificuldades. Com a minha experiência e dedicação, vamos recolocar o Estado no rumo do crescimento e desenvolvimento. Nosso povo é trabalhador, é aguerrido. Nosso povo quer e merece mais!

Gazeta Gringa: O seu plano de governo é baseado principalmente em ações para a área da Educação. Explique quais serão suas propostas para a mesma. 
Vieira: Sou do partido de Leonel Brizola, o governador que construiu mais de 6 mil escolas no Rio Grande do Sul. Tenho o compromisso de, em meu governo, tratar a Educação como a prioridade das prioridades.

Primeiramente, o professor tem que ser valorizado e bem remunerado. Nós retiraremos a ação judicial do Estado contra a Lei do Piso Nacional do Magistério e vamos fazer o possível e o impossível para pagar o Piso. Inclusive tramita na Câmara projeto de lei de minha autoria que prevê a alteração do artigo 4° da Lei 11.738, para que os Estados e municípios em dificuldades orçamentárias recebam os repasses financeiras da União necessários ao cumprimento da lei.

Também vamos integrar os Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), fazendo do ensino de turno integral o pilar de desenvolvimento social do Estado. Investiremos em instalações adequadas, com boa infraestrutura física, material e equipamentos.

Recentemente foram divulgados os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que mede a qualidade da Educação. Aqui no Rio Grande do Sul, só nas séries iniciais do Ensino Fundamental atingimos a meta. O atual governador está festejando os resultados do Ensino Médio, mas não há o que comemorar. A meta era 4,0 e atingimos apenas 3,7. Estamos em segundo lugar, ao lado de São Paulo no ranking, é verdade, mas é porque os outros Estados conseguiram estar ainda pior. 

Em meu governo, a Educação voltará ao primeiro lugar do ranking da qualidade do Brasil com toda a certeza!

Gazeta Gringa: A relação de amizade que o senhor teve com Leonel Brizola, além da inspiração que ele é para você, são públicas. Os governos deste líder, tanto no Rio de Janeiro quanto no Rio Grande do Sul, são bastante elogiados até hoje. Caso seja eleito e, se espelhando nesta liderança, quais serão as ações que o senhor pretende colocar em prática?
Vieira: O principal compromisso de Brizola sempre foi a oferta de Educação pública de qualidade, em turno integral, para todas as crianças. Também é que ele sempre me dizia: "Vieira, eu vou me inscrever no Guinness Book como o governador que mais construiu escolas no mundo. Duvido que alguém tenha construído mais escolas do que eu".

Está será a nossa principal ação. Resgataremos os CIEPs com infraestrutura capaz de dar atendimento à criança e ao jovem em todas as suas necessidades básicas e, ainda, de estender benefícios à comunidade.

Nós acreditamos que o CIEP é o caminho para dar condições aos alunos da rede pública de competir, em situação de igualdade, com aqueles que têm acesso ao ensino privado. O processo de ensino e aprendizagem no CIEP efetiva a alfabetização na 1ª série do Ensino Fundamental e reduz a evasão escolar e a reprovação. 

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Gazeta Gringa: Você não tem poupado críticas à gestão de Tarso. Mas vale ressaltar que o PDT foi da base aliada petista por muitos anos, saindo dessa condição, inclusive, apenas em dezembro do ano passado. Por que uma candidatura própria em 2014? Se Tarso for reeleito, é possível que o seu partido volte a protagonizar uma aliança política com o PT?
Vieira: Pessoalmente, votei contra a participação no Governo Tarso, porque tínhamos sido vice, com o Pompeo de Mattos, da candidatura de José Fogaça (PMDB). Não fizemos parte da coligação que ganhou a eleição e a minha posição era de que mantivéssemos independência em relação ao Governo Tarso. Infelizmente, fui voto vencido.

Entendemos que os secretários do PDT deram a sua contribuição ao governo, da melhor maneira possível, mas o partido decidiu democraticamente, em convenção, pela candidatura própria, para retornar ao protagonismo no cenário político estadual.

Confiamos na competitividade das nossas candidaturas; na minha para governador, e na do Lasier para o Senado. Tenho a convicção de que estarei no segundo turno.

"Quero ser governador para tirar o Rio Grande do Sul deste atoleiro em que o meteram"

Gazeta Gringa: Quais serão suas ações para sanar a dívida pública da melhor maneira possível, se eleito? O senhor credita esse como o pior "pecado" do Governo Tarso?
Vieira: A dívida era de R$ 7,4 bilhões em 1998. De lá para cá, já pagamos R$ 17 bilhões e ainda devemos quase R$ 50 bilhões. Um absurdo! A distorção é fruto da incidência de juros de 6% ao ano e de correção monetária calculada conforme a variação do Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que é muito superior à inflação oficial do período. 

Por isso, é fundamental a aprovação do projeto que renegocia a dívida do Estado. Nós já votamos a matéria na Câmara mas, por pressão da equipe econômica do governo federal, ele está parado no Senado.

Temos que estancar essa sangria! Além de aprovar o projeto que está no Senado, não podemos continuar pagando 13% da nossa receita corrente líquida para saldar essa dívida, ainda mais se levarmos em conta que esse altíssimo índice nos foi imposto pelo Governo FHC como "castigo" por termos mantido público o nosso Banrisul.

Se a União continuar insensível aos nossos argumentos, não nos resta outro caminho: vamos bater a porta do Judiciário. Fiz isso na época em que fui presidente da CEEE, em 1993. Cobrei judicialmente uma dívida que o governo federal tinha com a companhia. A sentença favorável foi cumprida no ano passado. Fruto dessa ação, os cofres da CEEE receberam R$ 3 bilhões. A Justiça tardou, mas não falhou.

É disso que o Estado precisa: atitude e firmeza do seu governante para fazer valer os nossos direitos. Chega de exploração! Nós, gaúchos, mandamos para Brasília R$ 54 bilhões em impostos por ano, e para cá retornam apenas R$ 12 bilhões. É hora do Rio Grande do Sul se impor! Por muito menos, ficamos 10 anos peleando na Revolução Farroupilha.

Gazeta Gringa: Você, assim como os demais concorrentes ao governo, criticam os cargos de confiança, que são mais de 6 mil atualmente. Para o senhor, é possível corta-los totalmente ou pelo menos diminui-los?
Vieira: O nosso Programa de Governo prestigia a profissionalização da gestão pública, o que supõe a despartidarização das esferas técnicas de tomada de decisão, associada à redução do número de servidores nomeados em comissão por indicações políticas, ao redimensionamento das carreiras públicas e a programas de qualificação profissional dos servidores públicos de carreira.

Em meu governo, os cargos em comissão serão reduzidos em 20%. Em alguns casos, a extinção do cargo em comissão poderá não resultar em extinção das respectivas funções que, se indispensáveis, passarão a ser exercidas pelo funcionário efetivo.

Gazeta Gringa: No primeiro debate com os candidatos ao Piratini, o senhor disse se envergonhar da situação a qual se encontra o Presídio Central de Porto Alegre. De que forma você pretende reverter esse quadro? É possível esvazia-lo até o fim de um possível primeiro mandato?
Vieira: Fui Promotor de Justiça de Execuções Criminais. Fazia a inspeção em presídios. O Presídio Central precisa de ampla reforma, mas não podemos abrir mão de um estabelecimento prisional na capital. Novos estabelecimentos devem ser construídos no Estado para reduzir o déficit de vagas e cumprir a Lei de Execuções Penais. É importante que o preso cumpra a pena próximo de sua família.

"Tenho a convicção de que estarei no segundo turno"


Gazeta Gringa: Entre as suas promessas para a área da segurança está a criação de um banco de dados unificado entre a Brigada Militar e a Polícia Civil. Como seria este banco?

Vieira: Seria um banco de dados de abrangência estadual, com registro único de ocorrências, para que a Polícia possa executar ações coordenadas de investigação e de combate ao crime. É uma ferramenta importante para viabilizar o trabalho integrado das forças de segurança. Uma tecnologia assim tornará mais ágil e eficaz o trabalho da Polícia, resultando em uma melhoria no atendimento e na resposta ao cidadão. Precisamos investir em tecnologia e colocar os modernos recursos disponíveis a serviço do combate ao crime.


Gazeta Gringa: Atualmente o Rio Grande do Sul tem a menor taxa de desemprego em mais de duas décadas, porém, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em julho, o Estado perdeu 6.390 empregos diretos. O que fazer, candidato?
Vieira: Em primeiro lugar, nós implantaremos uma série de medidas para valorizar o empreendimento local e evitar o fechamento ou a migração de empresas gaúchas para outros Estados.

Também vamos atrair novos investimentos, garantindo segurança jurídica ao empreendedor que quiser se instalar no Rio Grande do Sul, com uma política de Estado de atração de novas empresas com regras claras e permanentes. 

Gazeta Gringa: Por que o senhor merece o voto dos gaúchos? Deixe suas considerações finais aos leitores do blog.
Vieira: Tenho uma vida pública limpa. Sempre trabalhei tendo como princípios a ética e a verdade.

Adquiri a experiência e quero utilizá-la para liderar um processo de retomada do crescimento do nosso Ri Grande. Temos que voltar a crescer de verdade.


Os desafios são enormes, mas não são maiores que a nossa vontade de enfrenta-los e vencê-los.


Sinto-me preparado para a honrosa missão de ser o novo governador do Estado do Rio Grande do Sul. 


O Rio Grande merece e pode mais!



Agradecimento: Roberto Witter - Assessoria de Imprensa do candidato
Fotos: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)/Divulgação e O Rio Grande Merece Mais/Divulgação

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"Não sou contra os cargos comissionados, mas sim contra a contratação de mais CCs, como no atual governo", diz Ana Amélia Lemos

A candidata do Partido Progressista (PP) ao governo do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos, é a entrevistada de hoje, dentro da série do blog Gazeta Gringa promovida com os principais concorrentes ao Palácio Piratini desde o inicio da semana. 

Ao blog, a senadora evitou comentar as comparações com a ex-governadora Yeda Crusius (PSDB), se comprometeu a trabalhar melhor a reforma do Ensino Médio, dentre outras propostas. 

Nascida em Lagoa Vermelha, no Norte do Estado, Ana Amélia tem 69 anos e é formada em Comunicação Social - Jornalismo. Sem filhos, iniciou sua trajetória política em 2010, quando foi eleita senadora. 

:: ANA AMÉLIA LEMOS
Coligação: Esperança que Une o Rio Grande (PP/SD/PSDB/PRB)
Nascimento: 23/03/1945
Número: 11
Vice: Cassiá Carpes (SD)
Senadora: Simone Leite (PP) - 111 




Leia abaixo a entrevista com a candidata Ana Amélia Lemos: 

Gazeta Gringa: Por que a senhora se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul?
Ana Amélia Lemos: A minha candidatura não é um projeto pessoal. Se dependesse apenas da minha vontade continuaria defendendo os interesses do Rio Grande do Sul no Senado. Na verdade, constituiu-se um projeto coletivo do Partido Progressista, abraçado também pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), pelo Solidariedade (SD) e pelo Partido Republicano Brasileiro (PRB) e consolidou-se pelas convergências e não pelas conveniências. Houve o entendimento de que eu represento as bandeiras que nos unem e que trazem um forte aceno de esperança por um futuro melhor para o Rio Grande.

Gazeta Gringa: Muitos creditam a sua candidatura ao fato de a senhora ter trabalhado no Grupo RBS por mais de 30 anos. Além disso, ligam sua sigla à ditadura militar e o seu nome à gestão de Yeda Crusius. Como a senhora pretende mudar a visão e conseguir a confiança desses eleitores, mesmo liderando as pesquisas de intenção de voto?
Ana Amélia: Os eleitores gaúchos não votaram na RBS, votaram na Ana Amélia, mas não renego o passado, nem minha trajetória como jornalista, que me proporcionou grande conhecimento da realidade gaúcha e brasileira. Esse acúmulo de experiência foi de grande valia no meu trabalho no Senado, tanto assim que nesses quatro anos de mandato recebi vários reconhecimentos pela atuação em favor das melhores causas. Quanto às outras críticas e à relação com governos anteriores - que tiveram seus méritos e suas dificuldades - prefiro olhar para frente e direcionar minhas energias para a construção de um Estado mais generoso e mais igual para todos. O fato de o PP ser considerado um partido conservador não abala minha posição. Por eu fazer parte de um partido conservador não significa que minha cabeça seja conservadora e a prova está que apoiei uma candidata comunista à Prefeitura de Porto Alegre, numa inflexão que poucos entenderam à época. A minha cabeça pode ser diferente, eu posso buscar entendimentos com as pessoas, mesmo de campos ideológicos diferentes do que represento. Assim, não é o caso de mudar a visão e a confiança do eleitor. A liderança em todas as pesquisas mostra que o eleitor está entendendo nossa mensagem e apoiando nossas propostas. 

Gazeta Gringa: A questão da dívida pública do Rio Grande do Sul norteia as discussões do presente e do futuro do Estado. Qual a melhor maneira de solucioná-la? Como a senhora vê e tentará resolver essa situação? 
Ana Amélia: Vamos dar atenção prioritária à questão da dívida que impacta a vida do Rio Grande do Sul de várias formas, representando os investimentos necessários em infraestrutura, na Educação, na Saúde e na Segurança. Além disso, o Estado está se endividando cada vez mais, contraindo novos empréstimos sem que esse processo resulte em melhores serviços para os gaúchos. Por isso, vamos ficar atentos à promessa do governo federal de votar em novembro o projeto de redução dos juros da dívida. Estamos articulados no Legislativo para avaliar a matéria sob o ponto de vista dos interesses do Rio Grande. Sou membro da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado e presidente da subcomissão de Assuntos Municipais que, de alguma maneira, tem importância nessa matéria que trata da mudança do indexador da dívida. De outro lado, já temos protocolado no Congresso um projeto de lei que visa abater a dívida do crédito que o Estado possui com as exportações. Trata-se de uma solução engenhosa pela qual o Estado quitaria sua dívida através da compensação pelo crédito não pago que possui com a União, referente à Lei Kandir. Em resumo, seria trocar o nosso débito pelo nosso crédito.


"Vamos valorizar as vocações regionais, fomentando o empreendedorismo e as iniciativas empresariais com foco na inovação"

Gazeta Gringa: A situação da Educação no Estado também é pauta recorrente nos debates. Você pretende suspender ou trabalhar melhor a reforma no Ensino Médio? Sobre o Piso, faz a promessa de pagá-lo? 
Ana Amélia: Vamos trabalhar melhor a reforma no Ensino Médio, buscando os aperfeiçoamentos necessários e que venham ao encontro da qualidade da Educação pública gaúcha que estamos propondo. Uma das propostas prevê a valorização e ampliação do Ensino Profissionalizante em nível médio, como encaminhamento dos nossos jovens ao mercado de trabalho. Em relação ao Piso do magistério tenho reafirmado - e deixei isso muito claro no recente encontro que tive com a direção do Centro de Professores do Rio Grande do Sul (CPERS/Sindicato) - que faremos um esforço extraordinário, reduzindo gastos em áreas não essenciais do governo, a fim de conseguirmos garantir esse pagamento. Estou convencida que as lideranças do magistério compreenderam minha posição.

Gazeta Gringa: Você vem afirmando que os projetos bons criados pela atual gestão serão mantidos, sem mudança de nome, caso a senhora seja eleita. Diz, basicamente, que continuará com o que é bom. Baseado nisso, pretendes continuar oferecendo o RS Mais Igual, programa criado por Tarso, para famílias de baixa renda, a fim de erradicar a miséria no Rio Grande do Sul?
Ana Amélia: Reafirmo o que tenho dito: os programas do atual governo que consideramos eficazes, que realmente produzem resultados para a população, serão mantidos e aperfeiçoados, mantendo-os, inclusive, com o mesmo nome. O RS Mais Igual, como todos os programas dessa natureza, serão objetos da análise dos nossos técnicos, na perspectiva de continuidade, mas ampliando os objetivos, de forma a contribuir para a ampliação dos beneficiários. 

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Gazeta Gringa: Ao mesmo tempo em que regiões como a Grande Porto Alegre e a Serra Gaúcha são grandes polos de geração de empregos, outras como a Campanha e a Fronteira Oeste, sofrem com a falta de oportunidades, gerando a migração. De que forma você pretende gerar empregos nesses locais? 
Ana Amélia: Geração de emprego se viabiliza com crescimento econômico, mais desenvolvimento e combate às desigualdades regionais. Nas regiões mais pobres, vamos valorizar as vocações regionais, fomentando o empreendedorismo e as iniciativas empresariais com foco na inovação, apoiando os micros e pequenos empresários e melhorando a infraestrutura como forma de atrair novos investimentos que vão gerar emprego e renda, criando um círculo virtuoso. Daremos atenção especial às ações que mantenham o jovem no campo, apoiando o agronegócio e a agricultura familiar e levando mais tecnologia para a zona rural. 

Gazeta Gringa: A senhora tem criticado em sua campanha os chamados cargos de confiança. Em entrevista ao jornal Metro, disse que pretende cortar logo de cara 5 dos 6 mil existentes atualmente. Por que não extinguir todos? 
Ana Amélia: O que precisa ser entendido é que eu não sou contra os cargos comissionados, mas sim contra a contratação de mais CCs, como no atual governo, em quase mil cargos, e contra a ocupação de cargos técnicos por CCs indicados politicamente sem terem a devida capacitação para a função e gerando gastos para o Estado. Esses gastos devem ser direcionados para as áreas afins do governo, como Saúde, Educação e Segurança. Por isso, a escolha que faremos para os cargos gerenciais levará em conta prioritariamente a qualificação técnica do indicado. De outra parte, pretendemos valorizar o quadro de servidores, estimulando para que se capacitem mais ainda. 

"Na questão da proteção à mulher propomos ampliar vagas em casas de acolhimento para as vítimas de violência, além de mais Delegacias da Mulher"

Gazeta Gringa: Quando Yeda governava o Estado, apenas 22% dos homicídios eram elucidados. Com Tarso, o percentual subiu para 72%. Quais são as suas propostas para a segurança pública, desde a prevenção da violência, passando pela solução de ocorrências, e indo até possíveis soluções para o déficit de vagas no sistema carcerário e presídios lotados? 
Ana Amélia: As medidas que propomos passam pela recomposição do efetivo policial de acordo com os indicadores de criminalidade do Estado, para atender as pequenas, médias e grandes cidades, e estruturar concursos para o quadro de suplentes com o intuito de preencher, de forma mais eficaz, os números de evasão operacional. Hoje a defasagem de PMs entre o efetivo previsto chega a 40%. Assim poderemos implantar a ação Polícia na Rua, que vai significar cidadãos mais protegidos, com a retomada e a ampliação das operações policiais específicas permanentes - Lei Seca e Transporte Seguro, por exemplo -. A melhoria das operações prevê ainda investimentos em tecnologia e sistema de inteligência, integrados com os de outras forças de segurança, reequipamento dos agentes e capacitação permanente. Já a ação Fronteiras Protegidas propõe operações policiais de fronteira em parceria com a Polícia Federal e organismos policiais do Uruguai e da Argentina, evitando a proliferação do tráfico de drogas, armas e munições. Vamos trabalhar pela redução do déficit prisional, com a construção de presídios regionais e a recuperação dos já existentes, aumentando o número de vagas, garantindo condições humanas aos apenas e exercendo maior controle sobre o sistema.

Gazeta Gringa: Se eleita, a senhora será a segunda mulher a governar o Estado. Quais serão as suas políticas para elas? 
Ana Amélia: Nosso Plano de Governo, que está em fase final de elaboração, prevê uma série de ações voltadas à mulher que, cada vez mais, vem assumindo o papel de chefe de família. Hoje, a população do sexo feminino no Rio Grande do Sul atinge 50,92%. Na questão da proteção à mulher propomos ampliar vagas em casas de acolhimento para as vítimas de violência, além de mais Delegacias da Mulher, entre outras iniciativas. Importante também ampliar as formas de acesso das mulheres ao mercado de trabalho e uma atenção toda especial na área da Saúde. Nesta área, propomos construir uma rede público-privada para atenção de questões específicas de Saúde, prioritárias do ponto de vista epidemiológico como, por exemplo, o câncer de mama e de colo de útero, para o diagnóstico precoce, e ampliar as equipes de Saúde da Família para ações preventivas. O atendimento materno-infantil será prioritário, com ações voltadas à atenção pré-natal, extensiva ao parto, ampliação de programa de prevenção e recuperação nutricional para gestantes, nutrizes e crianças menores de um ano, incentivo ao aleitamento materno, entre outras ações.

Gazeta Gringa: Por que a senhora merece o voto dos gaúchos? Deixe suas considerações finais aos leitores do blog.
Ana Amélia: Porque trazemos uma mensagem de esperança e de união para os gaúchos em torno de uma causa comum que é proporcionar condições para que o nosso Rio Grande volte a crescer e garantir um futuro melhor para todos. Porque estou preparada, não apenas para o governar o Estado, mas também para mudar a forma de governar, tornando-o mais eficiente para apresentar os resultados que os cidadãos necessitam e almejam. Porque não temos um projeto de poder, mas de gestão e de governo para todos e não para um partido somente. E porque, nesse contexto, temos as melhores propostas e vamos formar uma equipe técnica altamente qualificada para que os gaúchos voltem a confiar e a se orgulhar do seu Estado.

Nota: A assessoria de Ana Amélia, conforme havia sido combinado no momento em que a proposta de entrevista foi apresentada, há cerca de um mês, não enviou as fotos da candidata respondendo aos questionamentos.

Agradecimento: Anna Fonseca - Assessoria de Imprensa
Foto: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)/Divulgação

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"Vou continuar ampliando os gastos públicos em Educação, Saúde e Segurança", diz Tarso Genro

Eleito em 2010 ainda no primeiro turno, o que até então era inédito no Rio Grande do Sul, o atual governador e candidato a reeleição Tarso Genro, do Partido dos Trabalhadores (PT), é o terceiro entrevistado da série que vai ao ar no blog Gazeta Gringa desde a última segunda-feira (15).

Gaúcho de São Borja, na Fronteira Oeste, Tarso tem 67 anos e é formado em Direito e Jornalismo. Pai de duas filhas, iniciou sua trajetória em 1968, quando, ainda filiado ao PMDB, foi eleito vereador em Santa Maria, no Centro do Estado. 

Em 1988, já no PT, foi eleito vice-prefeito de Olívio Dutra em Porto Alegre para, cinco anos depois, ser eleito prefeito, cargo que ocupou até 1997 e em uma nova ocasião, de 2001 a 2002. 

Em 2004, assumiu o Ministério da Educação a convite do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No ano seguinte, foi ministro da Justiça, cargou que ocupou até o inicio de 2010, renunciando para concorrer ao Palácio Piratini. 

:: TARSO FERNANDO HERZ GENRO
Coligação: Unidade Popular pelo Rio Grande (PT/PCdoB/PTB/PR/PROS/PTC/PPL)
Nascimento: 06/03/1947
Número: 13
Vice: Abgail Pereira (PCdoB)

Leia abaixo a entrevista com Tarso Genro:

Gazeta Gringa: Por que o senhor se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul? No seu caso, por que tentar a reeleição?
Tarso Genro: Porque os meus companheiros decidiram, por unanimidade, que o meu nome era o mais adequado para seguir o nosso projeto de transformação do Rio Grande.

Gazeta Gringa: Faça um panorama dos seus, até aqui, três anos de governo.
Tarso: Cumprimos, até o momento, 75% das nossas metas propostas na Carta aos Gaúchos na ultima eleição. A partir desse dado, é possível fazer uma avaliação positiva do nosso governo. Hoje, o Rio Grande não é mais o mesmo. Ainda temos muito o que fazer, mas já iniciamos a grande mudança que o Estado precisa. Estamos crescendo e promovendo o desenvolvimento com inclusão.

Gazeta Gringa: Qual o maior problema deixado pela gestão anterior a sua e qual o maior problema atual do Rio Grande do Sul? 
Tarso: Os problemas deixados pelas gestões anteriores foram muitos, mas um dos que nos custou muito a resolver são os projetos de obras nas estradas. Pretendíamos concluir todos os acessos municipais até o final do nosso mandato, mas isso não será possível não por falta de recursos, mas por problemas em projetos antigos, mal feitos. Concluiremos 44 acessos até o final do ano e deixaremos os demais encaminhados. 

Gazeta Gringa: O senhor aumentou o salário dos professores em 76%, em um aumento nunca dado antes por nenhum outro governador do Rio Grande do Sul, segundo você mesmo reitera. Recentemente, por decisão da Justiça, o Estado se comprometeu a pagar o adicional noturno aos professores que trabalham depois das 22h. Mesmo assim, as pedras no sapato de sua gestão são o não cumprimento da Lei do Piso e a reforma no Ensino Médio. Em uma possível reeleição, como o senhor irá tratar estas polêmicas questões? Será possível pagar o Piso? O Politécnico será extinguido ou melhor trabalhado junto com em discussão com as comunidades escolares?
Tarso: A maioria dos professores reconhece o esforço do povo gaúcho para possibilitar que, enquanto o índice de correção do Piso Nacional ainda é objeto de discussão na Justiça, nenhum professor gaúcho receba menos que o valor do Piso. Dessa forma, demos o maior aumento salarial da história do magistério gaúcho e ainda não chegamos no valor ideal. Se o Supremo decidir manter o Piso corrigido pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), só conseguiremos atingir o Piso se o governo federal nos repassar recursos do pré-sal, por exemplo. Valorizamos os professores, contratamos novos profissionais, reformamos o ensino e recuperamos a rede física das escolas. Isso está dando resultado. O Ideb divulgado recentemente é um exemplo: o Rio Grande do Sul saltou da 11ª para a 2ª colocação no ranking nacional do ensino público.

Gazeta Gringa: Em seu governo, o senhor conseguiu investir os 12% ordenados por lei na área da saúde? Sabemos que houve um crescimento das equipes do programa Saúde da Família e reformas de diversos hospitais no interior, além da construção de um novo na Restinga, Zona Sul da capital, e da inauguração da unidade de oncologia do Hospital Geral, em Caxias, para citarmos dois exemplos. Porém, um dos maiores problemas da área é o déficit de vagas no Sistema Único de Saúde (SUS). Como o senhor pretende quebrar esta barreira? 
Tarso: Continuaremos refinanciando os hospitais para possibilitar a abertura de mais leitos pelo SUS, com atenção especial para os hospitais filantrópicos, responsáveis por 70% dos atendimentos pelo SUS. Chegar aos 12% em saúde foi uma conquista histórica para o Rio Grande e manteremos e ampliaremos os investimentos em saúde em nosso próximo período.

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Gazeta Gringa: Dívida pública, tema polêmico também muito presente na discussão da situação atual e futura do Estado. Como está agora o processo da dívida? Caso seja reeleito, é possível que ela seja sanada até, pelo menos, o fim do segundo ano de sua nova gestão?
Tarso: Nós fomos o primeiro governo a conquistar o abatimento de R$ 15 bilhões da dívida pública do Estado. Conseguimos, em articulação com o governo federal, enviar um projeto ao Congresso que muda o índice de correção da dívida. Esse projeto já está aprovado na Câmara e em todas as comissões do Senado e com votação marcada no plenário para novembro, conforme garantiu a presidenta Dilma. A partir dessa mudança no indexador, vou liderar um novo movimento politico nacional para buscar a redução das parcelas da dívida.

Gazeta Gringa: A Serra Gaúcha ainda vive um grande problema de logística. A volta do trem regional e a construção do novo Aeroporto Regional em Vila Oliva, no interior de Caxias do Sul, ainda estão no papel. Além disso, estudos recentes mostram que a BR-116, no perímetro que passa pelo território caxiense, pode entrar em colapso em alguns anos. Quais são as suas propostas para combater os gargalos do transporte? Há recursos para isso? 
Tarso: Não há falta de recursos. Os problemas que tivemos são de ordem de projetos antigos, muitos com problemas graves que impossibilitaram o andamento normal das obras. Temos um plano de obras rodoviárias que será seguido. Na Serra, o Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema) está em andamento recuperando as rodovias. 


"Estamos crescendo e promovendo o desenvolvimento com inclusão"

Gazeta Gringa: Se reeleito, como o senhor irá se relacionar com as prefeituras? 
Tarso: Nós criamos uma secretaria específica para receber os prefeitos no Governo. O Gabinete dos Prefeitos foi responsável por comandar uma relação federativa com todos os prefeitos, independente de partido político.

Gazeta Gringa: Como o governo estadual pretende trabalhar, caso seja reeleito, para uma solução no conflito entre agricultores e indígenas, principalmente no Norte do Estado?
Tarso: O Estado já está atuando nessa questão fazendo o que está a seu alcance, já que a mediação é de responsabilidade do Ministério da Justiça. Eu fui o ministro da Justiça que mais demarcou terras indígenas. Aqui, estamos disponibilizando terras para ajudar nas negociações. 

Gazeta Gringa: Por que o senhor merece o voto dos gaúchos? Deixe suas considerações finais aos leitores do blog.
Tarso: Fizemos um governo de recuperação das funções públicas do Estado. Colocamos o Rio Grande novamente no caminho do desenvolvimento, do crescimento com inclusão e do atendimento com políticas públicas a quem mais precisa. Enquanto nossos opositores dizem que vão cortar gastos, venho defendendo o contrário: vou continuar ampliando os gastos públicos em educação, saúde e segurança. O Rio Grande não pode dar um passo atrás. 

Nota: A assessoria de Tarso, conforme havia sido combinando no momento em que a proposta de entrevista foi apresentada, há cerca de um mês, não enviou fotos do candidato respondendo aos questionamentos.

Agradecimento: Lucas Rohãn e Naira Hofmeister - Assessoria de Imprensa
Foto: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)

terça-feira, 16 de setembro de 2014

"É preciso recuperar a auto-estima dos professores", diz José Ivo Sartori

Com um discurso de campanha baseado principalmente nas suas conquistas de sua gestão à frente da Prefeitura de Caxias do Sul e defendendo investimentos em Educação e Segurança Pública para instalar no Rio Grande do Sul o que define como "Cultura de Paz", José Ivo Sartori, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), é o segundo dos cinco principais concorrentes ao governo do Estado entrevistado pela Gazeta Gringa

Nascido em Farroupilha e formado em Filosofia, Sartori tem 66 anos e iniciou a vida pública em 1976, quando foi eleito vereador em Caxias do Sul. Sempre filiado a mesma sigla, elegeu-se deputado estadual em 1982, sendo reeleito em 1986, 1990, 1994 e 1998 para, em 2002, se tornar deputado estadual.

Casado com a deputada estadual Maria Helena Sartori, com quem tem dois filhos, elegeu-se prefeito de Caxias do Sul em 2004, cargo que ocupou até 2013, depois de ter sido reeleito em 2008.

:: JOSÉ IVO SARTORI
Coligação: O Novo Caminho para o Rio Grande
(PMDB/PSD/PSB/PPS/PHS/PTdoB/PSL/PSDC)
Nascimento: 25/02/1948
Número: 15
Vice: José Paulo Cairoli (PSD)
Senador: Pedro Simon (PMDB) - 151 

>> Roberto Robaina: "O governo de Tarso Genro lamentavelmente manteve e sustentou o sistema da dívida pública"

Leia abaixo a entrevista com José Ivo Sartori:

Gazeta Gringa: Por que o senhor se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul? 
José Ivo Sartori: Todo homem público aspira a ambição maior de governar o seu Estado, ter à sua frente o destino de sua gente. Ainda mais alguém que, há mais de 30 anos, tem como seu trabalho perseverar pelo bem comum da gente gaúcha. Os rio-grandenses estão prontos a apoiar a quem se disponha a enfrentar o desafio das mudanças de atitude e de comportamento sem otimismo fácil, sem espírito de seita, sem promessas irresponsáveis ou personalismos midiáticos. Por esta razão, nosso empenho é em ter uma visão clara dos problemas econômicos e sociais a enfrentar, dos caminhos políticos e institucionais a seguir, apresentando propostas claras e viáveis para governar nosso Estado.

Gazeta Gringa: O senhor cita as conquistas na Prefeitura de Caxias do Sul, como a erradicação do analfabetismo e o Orçamento Participativo. Sua gestão foi marcada por abertura de ruas, novas rotatórias e o pioneirismo da cidade em se tornar a primeira do país a contar com a coleta mecanizada de lixo. É possível fazer isso e muito mais para um contingente de mais de 11 milhões de pessoas, visto que o Rio Grande do Sul tem o empecilho da dívida com a União?
Sartori: Com certeza! Com muito orgulho, cito o sucesso de nossas duas administrações à frente de Caxias do Sul para mostrar que é possível governar com criatividade, com participação, com competência e com inovação. Caxias foi um belo exemplo de como podemos fazer à frente do governo do Estado para resolver problemas que há quatro anos aguardam solução do governo e encontram-se no mesmo estágio que se encontravam, por exemplo, na eleição passada. A questão da dívida é o maior exemplo. Mesmo o chamado "alinhamento das estrelas" entre os governos petistas em Brasília e no Rio Grande não serviu para melhorar essa situação, ao contrário. O governador Tarso Genro vai entregar o governo com um déficit de R$ 10 bilhões, sem mais chances de contrair novos empréstimos e com dívidas pelas próximas décadas a serem quitadas por seus sucessores. Ele vai entregar o Estado muito pior do que recebeu.

"É preciso recolocar o Rio Grande do Sul no desenvolvimento"

Gazeta Gringa: A sua aliança é grande, maior até mesmo que a do atual governador. O senhor pretende, a partir dela, combater e evitar a polarização entre Ana Amélia e Tarso?
Sartori: Acho que a essa altura, nossa aliança, que já é a maior deste pleito, já se mostra evidentemente como uma alternativa viável de poder, não apenas com nossa candidatura ao Piratini, como a de Pedro Simon ao Senado e a de Marina Silva ao Palácio do Planalto. A conjuntura política atual é de cansaço com o modelo petista e seu modo hegemônico de dominar mentes e corações, considerando-se dono da verdade e senhor absoluto do raio e do trovão. O povo está dando claramente sua mensagem de que deseja mudanças em Brasília e nos Estados e nossa candidatura é a melhor alternativa que se apresenta. Quanto a aliança "O Novo Caminho para o Rio Grande", é importante que se saliente que ela também apresenta um conjunto de 194 candidatos a deputado estadual e 92 candidatos a deputado federal pelos oito partidos. E isso é muito importante, pois é uma garantia também para governarmos com base parlamentar.

Gazeta Gringa: Em entrevista ao Sul 21, o senhor disse que o seu primeiro ato ao assumir o governo "será arrumar a casa". A que o senhor se refere?
Sartori: Refiro-me à recuperação das finanças do Estado. É preciso recolocar o Rio Grande do Sul no desenvolvimento e para isso a primeira coisa a se fazer é um diagnóstico de toda a realidade financeira do Estado. Entender essa questão, sempre com muito diálogo, é fundamental na implementação dos projetos e resolução dos problemas do Rio Grande do Sul, sempre com o pensamento voltado em arrumar a casa.

Gazeta Gringa: Há décadas o Centro de Professores do Rio Grande do Sul (CPERS/Sindicato) e o governo estadual vivem uma verdadeira queda de braço. Se eleito, como será a sua relação com os sindicalistas?
Sartori: Essa difícil relação do governo do Estado e as lideranças sindicais do magistério e o baixo desempenho de aprendizagem formam os dois maiores problemas da educação pública do Rio Grande do Sul. É preciso enfrentar as carências estruturais com a constituição de um sistema de planejamento detalhado e a elaboração de uma política de gestão dos recursos financeiros, operacionais humanos e pedagógicos. Os debates precisam ocorrer respeitosamente e com a cooperação de todos, como professores, servidores, alunos, pais e gestores públicos. Os professores merecem o Piso Salarial, cuja lei foi proposta e descumprida pelo atual governador, o que está gerando um passivo que chega a R$ 10 bilhões. É necessário um acordo entre Estado, magistério e sociedade para que a Lei do Piso possa ser cumprida, em melhoria das finanças públicas. Disso, depende um recrutamento qualificado, a diminuição da evasão docente e a melhoria da qualidade da educação. É preciso recuperar a auto-estima dos professores e devolver à escola um ambiente de boa convivência, onde os alunos sintam-se bem e busquem o protagonismo. 

>> PESQUISA GAZETA GRINGA
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Gazeta Gringa: Nacionalmente, o PMDB está com Dilma, mas aqui apoia Marina Silva. Como apresentar essas divergências ao eleitor de forma transparente? 
Sartori: Não há outra forma a não ser essa: com transparência, honestidade e diálogo franco com o eleitor. O PMDB do Rio Grande do Sul sempre diferenciou-se em relação ao PMDB nacional e desta vez não foi diferente. Seria muito mais cômodo, sob todos os pontos de vista, estarmos alinhados com a direção nacional, que poderia oferecer inúmeras vantagens, mas não! Preferimos o caminho mais difícil, mas aquele que acreditarmos ser o melhor pelo Brasil e para o Rio Grande e por isso nosso apoio, desde o primeiro o momento, a Eduardo Campos e, depois, a Marina Silva.

Gazeta Gringa: Um estudo de junho mostra que o desmatamento da Mata Atlântica no Rio Grande do Sul aumentou 43% no último ano. Quais serão as suas políticas para o meio ambiente?
Sartori: Tratar a questão ambiental com isenção de preconceitos, responsabilidade e autoridade técnica em favor do desenvolvimento humano, social e econômico. Essa é uma questão complexa, pois a Mata Atlântica se estende por 17 Estados, onde vive praticamente 70% da população. Mesmo assim, precisamos desenvolver políticas de recuperação da mata, pois somente entre 2012 e 2013 foram extintos mais de 230 km² desse bioma.

"Ele vai entregar o Estado muito pior do que recebeu"

Gazeta Gringa: O senhor tem se colocado a favor de investimento em educação para dar maior sensação de segurança à população. Como seria esse processo? 
Sartori: A educação é a principal responsável pelas transformações da sociedade. É preciso educar nossos jovens para a não violência, trabalhando a área da segurança junto às escolas, a fim de que as crianças cresçam para o que eu chamo de Cultura da Paz. Em Caxias do Sul, nós criamos as comissões internas de prevenção à violência escolar e digo que o conteúdo que hoje temos é de que realmente está se criando, junto a todos os organismos de segurança do município, a Cultura de Paz para a não violência. Para ampliar a segurança é preciso melhorar o efetivo mas, acima de tudo, acho que tem que se educar a população. É necessário que se invista em um ensino de qualidade, o que inclui a valorização dos professores, gestão escolar e modernização das estruturas. Em outra frente, é imprescindível o fortalecimento de programas permanentes de educação e prevenção do uso de drogas e álcool, ações que devem ser realizadas em conjunto com as prefeituras, organizações sociais e escolas públicas, sempre com foco em adolescentes e jovens. 

Gazeta Gringa: Haverá diminuição e/ou erradicação de tributos, se eleito?
Embora a situação do Estado seja de penúria pela política fiscal e financeira de absoluta irresponsabilidade do atual governo, não aumentaremos tributos. Erradicar impostos será uma decisão posterior, consequência da nova política fiscal que implementaremos.

Gazeta Gringa: Por que o senhor merece o voto dos gaúchos? Deixe suas considerações finais aos leitores do blog.
Sartori: Quero ser muito franco e sincero. Como os gaúchos me conhecem há mais de 30 anos, desde que me tornei conhecido em minha primeira eleição como vereador de Caxias do Sul, em 1976, acho, ainda, que nossas propostas são totalmente viáveis e factíveis, partindo do pressuposto de resolução da questão de nossa impagável dívida. O governo do Estado deve atuar de maneira consequente na melhoria de nossa infraestrutura, promovendo a formação intensiva de mão de obra com os diferentes níveis de qualificação, estimulando a produção e a difusão de pesquisas científicas e novas tecnologias e apoiar de maneira continuada a atração de novas empresas que contribuam para a diversificação de nossa matriz econômica.

Agradecimento: Karine Viana - Assessoria de Imprensa do candidato
Fotos: Tribunal Superior Eleitoral (TSE)/Divulgação e O Novo Caminho para o Rio Grande/Divulgação 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

"O governo de Tarso Genro lamentavelmente manteve e sustentou o sistema da dívida pública", diz Roberto Robaina

por Matheus Teodoro

Auditar a dívida pública do Estado com a União para se investir mais em Educação, Saúde e Transporte é apenas uma das propostas de Roberto Robaina, que também não poupa críticas ao modelo político adotado por PT, PP e PMDB. É ele, filiado ao Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), quem abre a série de entrevistas do blog Gazeta Gringa com os cinco principais candidatos ao governo do Rio Grande do Sul. 

Porto-alegrense, Robaina tem 49 anos e é formado em História com mestrado em Filosofia. Iniciou a vida política militando no movimento estudantil do Colégio Estadual Júlio de Castilhos, o maior do Estado. Em 1990, tornou-se diretor do Sindicato dos Bancários para, mais de dez anos depois, sair do Partido dos Trabalhadores (PT) por divergências com a sigla, e se filiar ao PSOL, participando do processo de fundação do partido lado de Luciana Genro, sua ex-mulher, com quem tem um filho, Fernando. 

O socialista nunca exerceu um cargo político. Em 2006 participou de sua primeira eleição, concorrendo ao Palácio Piratini, mas não obteve a vitória. Seis anos depois, tentou a Prefeitura de Porto Alegre, onde foi novamente derrotado. 

:: CARLOS ROBERTO DE SOUZA ROBAINA
Coligação: Frente de Esquerda (PSOL/PSTU)
Nascimento: 29/09/1967
Número: 50
Vice: Gabi Tolotti (PSOL)
Senador: Júlio Flores (PSTU) - 160

Leia abaixo a entrevista com Roberto Robaina: 

Gazeta Gringa: Por que o senhor se candidatou ao governo do Rio Grande do Sul?
Roberto Robaina: A Frente de Esquerda lançou minha candidatura ao governo do Estado porque entendemos que é preciso apresentar propostas reais para melhorar a vida das pessoas e fortalecer uma alternativa socialista para o Rio Grande do Sul. Todos os candidatos reconhecem que o Estado está inviável financeiramente, mas apresentam apenas propostas de manutenção deste quadro. As propostas de Ana Amélia, Tarso Genro e José Ivo Sartori apenas gerenciam a massa falida que se tornou o Rio Grande do Sul, em termos orçamentários. Nós apresentamos uma alternativa real ao povo: auditoria da dívida pública para que tenhamos recursos para investir em Saúde, Educação e Transporte Público.

Gazeta Gringa: Quais são, de fato, as suas propostas para administrar o Estado?
Robaina: A principal proposta da Frente de Esquerda é a auditoria da dívida do Estado com a União. Essa dívida foi contratada em 1997, quando Antônio Britto (PMDB) governava o Rio Grande do Sul e Fernando Henrique Cardoso (PSDB) governava o Brasil. Na época, o governo federal assumiu a dívida do Estado, o que representou um empréstimo de R$ 11 bilhões aos cofres gaúchos. Pelo acordo assinado, o Rio Grande do Sul se comprometeu em repassar, anualmente, 13% de sua receita líquida de impostos e transferências ao governo federal até 2028. Somente em 2014, isso significa que R$ 3,2 bilhões deixarão de ser investidos em Saúde e em Educação. Com uma auditoria, técnicos qualificados e movimentos sociais poderão verificar todas as irregularidades nestes contratos. O Equador realizou uma auditoria de sua dívida nacional e abateu 70% de seu valor devido às ilegalidades verificadas. É esse modelo que desejamos adotar.



Gazeta Gringa: Muitos afirmam que a reforma no Ensino Médio, que entrou vigor em 2012, é uma tentativa de banir as oportunidades dos filhos dos trabalhadores, que em sua maioria formam a escola pública brasileira. Se eleito, o senhor irá suspender a reforma? Como você, da oposição e de esquerda, avalia o Ensino Médio Politécnico?
Robaina: A reforma do Ensino Médio foi um desastre. Tarso Genro atropelou completamente a comunidade escolar, os professores, os alunos e os pais, empurrando uma reforma que reduz a carga horária de disciplinas como Matemática. A escola deve ser uma dimensão de emancipação do ser humano. Num governo da Frente de Esquerda, as escolas serão organismos democráticos de ensino e de produção de sentidos na vida da juventude. É preciso também parar uma reforma do ensino que piora a Educação, já que reduz, na prática, disciplinas tradicionais, como Matemática e Português, e as dilui em seminários que não têm condições objetivas para que sejam devidamente preparados. Faremos um novo projeto pedagógico, que será amplamente debatido e elaborado com a comunidade. O Estado deve criar condições para que a escola seja uma instância emancipadora na vida dos alunos.


Gazeta Gringa: O senhor é um líder do PSOL, mas não ocupou nenhum cargo público até hoje. Como pretendes ganhar a confiança do eleitorado?
Robaina: Tenho 32 anos de militança política. Fui durante 20 anos do PT e durante sete anos da direção nacional do PT. Entreguei meu cargo depois de um ano do Governo Lula. Não faço da política uma carreira, luto por ideias e mudanças reais. Por isso, fiz o oposto do que fazem os oportunistas que entram no partido que chega no poder. Eu saí do partido porque o partido chegou no poder e se revelou contrário aos interesses do povo. De qualquer forma, não peco que o eleitor confie em mim, peço que confie em si mesmo, em seu potencial mobilizador, em seus sonhos e em suas lutas. Somente a população organizada e mobilizada conseguirá conquistar a melhoria de suas vidas. Os governantes precisam estar submetidos às decisões do povo. O Estado sempre foi governado por pessoas com ampla experiência de gestão e por políticos carreiristas, que fazem da vida pública uma profissão, e está na situação em que está: capturado pelo poder econômico e por verdadeiras máfias partidárias.

"Nós queremos o novo e a mudança: nem o passado como era, nem o presente como está"



Gazeta Gringa: Como o senhor vê a polarização entre Ana Amélia e Tarso Genro? Acredita que a mídia, direta ou indiretamente, pode influenciar no resultado das Eleições e/ou na decisão da população?
Robaina: A polarização existe e é real, em termos eleitorais. Em termos políticos e programáticos, Tarso Genro e Ana Amélia possuem diferenças, mas nenhum deles ataca o problema da dívida do Estado. E ambos sustentam partidos que fracassaram. Uma sustenta um partido que foi herdeiro até da ditadura militar, e o outro sustenta um partido dominado por uma burocracia privilegiada e hoje aliada das empreiteiras e dos grandes grupos econômicos. Sobre a divida, Tarso aposta na aprovação de um projeto no Congresso Nacional, que modificaria apenas o indexador sobre o resíduo da dívida, que passa a contar apenas a partir de 2028. Além disso, o próprio governo federal, que é autor do projeto, já barrou diversas vezes sua tramitação. Agora, Dilma promete que irá aprovar a medida em novembro. Eu não acredito que isso irá ocorrer, pois, se fosse para ter sido aprovado, isso teria sido feito antes das eleições, que é quando os governos buscam conquistar votos com medidas positivas à população. Ainda assim, mesmo que o projeto seja aprovado, não irá melhorar em nada a vida das pessoas e apenas possibilitará que Tarso Genro continue contraindo mais empréstimos para financiar o Estado. Já Ana Amélia Lemos aposta em um modelo de retrocesso ao neoliberalismo clássico, com arrocho salarial, estado mínimo e déficit zero. Trata-se do mesmo projeto implementado por Yeda Crusius (PSDB), que terminou seu governo imersa em escândalos de corrupção e com uma baixíssima taxa de aprovação dos gaúchos. Por isso, eu tenho dito que Tarso Genro representa o continuísmo e Ana Amélia representa o retrocesso. Nós queremos o novo e a mudança: nem o passado como era, nem o presente como está.

Sobre a questão da mídia, é preciso ter clareza para perceber que as grandes empresas de comunicação não são apenas centros de produção jornalística, são grupos de poder que exercem influência política e econômica sobre os governos. Mais do que possuir apenas um candidato, a mídia beneficia uma gama de candidatos no estado: são os candidatos que defendem a manutenção do sistema como ele está. Por isso que nós, do PSOL, aparecemos uma vez a cada 15 dias no Jornal Nacional e no RBS Notícias, enquanto os candidatos dos partidos tradicionais estão todos os dias na grande mídia.

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Gazeta Gringa: Qual a sua avaliação de gestão de Tarso Genro no Palácio Piratini?
Robaina: O governo de Tarso Genro lamentavelmente manteve e sustentou o sistema da dívida pública. Tarso se recusou a fazer uma auditoria para verificar os contratos e para informar ao povo gaúcho quem está se beneficiando com essa sangria das nossas receitas. Além disso, Tarso prometeu, durante a campanha eleitoral, que pagaria o Piso nacional do magistério. Estamos chegando ao fim de 2014 e nenhum professor recebe o Piso como salário básico do plano de carreira, como determina o Supremo Tribunal Federal (STF). Os políticos tradicionais dizem uma coisa durante as eleições e fazem outra completamente diferente depois que assumem o poder. Por fim, Tarso tem parceira com os grandes grupos econômicos, doa dinheiro publico para eles. Enquanto isso, a Saúde é precária, a Segurança Pública vai mal e os partidos tradicionais continuam se beneficiando da gestão petista, como é o caso do PTB.

Gazeta Gringa: Por que suspender o pagamento da dívida pública? 
Robaina: A suspensão do pagamento da dívida pública é uma medida que acompanha a realização da auditoria. No Equador, o processo de auditoria durou mais de um ano. No Rio Grande do Sul, também será um processo sério e prolongado. Enquanto investigamos os contratos, os pagamentos devem ser suspensos. Se você recebesse, todos os meses, um carnê de uma dívida que você não sabe como contraiu e que, quanto mais você paga, mais aumenta, você seguiria pagando? Qualquer cidadão recorreria ao Procon e à Justiça diante de uma situação dessas. A dívida do Rio Grande do Sul com a União começou em R$ 11 bilhões e, até 2010, o Estado já havia pago mais de R$ 22 bilhões. Atualmente, ainda deve mais de R$ 45 bilhões e não é possível que os governos continuem apoiando esse mecanismo de sangria dos nossos recursos.


Gazeta Gringa: O PSOL critica o modelo de Polícia Militar do Brasil. Qual serão suas ações em relação a Brigada Militar?
Robaina: Defendemos a desmilitarização da Polícia no país. Essa é uma política que deve ser implementada nacionalmente, já que as polícias militares, apesar de serem estaduais, possuem um vínculo legal com o Exército. Contudo, no âmbito do governo estadual, é possível tomar medidas que, aos poucos, desmilitarizem a corporação. A principal delas diz respeito à formação dos policiais. Hoje, os policiais são formados para a guerra e para o combate, não para o diálogo, a promoção da cidadania e a defesa da vida das pessoas. Outra distorção é a Corregedoria, que apura as condutas abusivas cometidas pelos policiais. Hoje, essa instituição está subordinada à Brigada Militar. Isso faz com que os próprios policiais se investiguem - na prática, isso resulta em impunidade e engavetamento de processos. Defendemos a criação de uma Corregedoria externa e independente para investigar os delitos cometidos pela polícia. Por fim, acreditamos que a Brigada Militar deve possuir apenas uma porta de entrada, com um concurso único, onde o servidor possa subir na carreira. Atualmente, existe um concurso para soldado e outro para capitão. Quem ingressa na carreira como soldado pode chegar, no máximo, ao posto de tenente. E quem ingressa como capitão pode se tornar coronel sem nunca ter trabalhado nas ruas.

"É um absurdo que o governo federal se renda à bancada evangélica e rife os direitos da população LGBT e das mulheres"

Gazeta Gringa: Como serão as políticas de sua gestão para os jovens, os grupos LGBT e as mulheres? 
Robaina: O PSOL é o único partido que defende abertamente políticas públicas para enfrentar o extermínio e o encarceramento da juventude pobre e negra do país. A legalização da maconha é mais do que uma medida de respeito às liberdades individuais, é uma medida para acabar com a guerra às drogas, que se transformou numa guerra aos pobres. A legislação brasileira não criminaliza o usuário, apenas o traficante. Contudo, o texto da lei é impreciso e fornece um cheque em branco para que a polícia, o Ministério Público e o Judiciário decidam quem deve ser considerado usuário e quem deve ser considerado traficante. Um jovem negro e pobre detido na periferia com 5 gramas de maconha é considerado traficante e jogado para dentro de um sistema penal que se encarrega de convertê-lo em criminoso, enquanto que um jovem branco e de classe média detido com a mesma quantidade pode ser considerado apenas um usuário e cumpre uma pena socioeducativa. Precisamos acabar com essa hipocrisia e regulamentar a maconha, secando os recursos do tráfico de drogas e direcionado as verbas da segurança pública não para o combate às periferias, mas para a prevenção dos crimes contra a vida, como o homicídio e o latrocínio.

Quanto à população LGBT, o PSOL defende abertamente o casamento civil igualitário entre casais de gays e de lésbicas e o direito à identidade de gênero, que é uma reivindicação justa da população de transexuais e travestis. O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) apresentou dois projetos de lei neste sentido. Quanto ao direito das mulheres, defendemos a descriminalização do aborto. É uma hipocrisia o que ocorre hoje no Brasil. As mulheres ricas podem pagar por um procedimento seguro, enquanto as mulheres pobres correm o risco de morrer em operações realizadas em clínicas de fundo de quintal. Legalizar o aborto significa reconhecer que cabe unicamente à mulher a decisão sobre ter ou não um filho. Não significa legitimar o aborto como um bom método contraceptivo, mas jogar luz sobre uma realidade que já existe e que vitima principalmente as mulheres pobres. É um absurdo que o governo federal se renda à bancada evangélica e rife os direitos da população LGBT e das mulheres.

Gazeta Gringa: Por que o senhor merece o voto dos gaúchos? Deixe suas considerações finais aos leitores do blog.
O candidato não respondeu a pergunta.

Agradecimento: Samir Oliveira - Assessoria de Imprensa do candidato
Fotos: Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Frente de Esquerda/Divulgação